sexta-feira, 23 de julho de 2010

É PRA RIR AGORA?

ELE NÃO:

NÃO sou um puritano ou moralista; pra começar. 

Continuo tentando achar a minha identidade dentro do 'politicamente correto' sem me tornar um bitolado, um chato ou um cara entediado. Ainda me pego descobrindo minhas próprias opiniões.

Seguidamente, como deve acontecer com a grande maioria, recebo por e-mail um sem-número de piadas e afins, algumas do tipo “perco o amigo, mas não perco a piada”

Como a Carol e eu já havíamos decidido levantar o tema 'preconceito', e como ele é infinitamente amplo, resolvemos dar o START por aqui, pelo humor.

Em ultima analise, o chamado ‘humor negro’ se mascara na face feliz do CÔMICO, mas de forma subliminar dissemina e propaga ideias de mau gosto, mórbidas ou preconceituosas. Geralmente são as minorias os alvos mais comuns desse tipo de pratica (negro, gordo, gay, português, argentino, loira, etc..). E quem nunca repassou inocentemente uma piadinha desse gênero?

O problema é que estamos acostumados a rir e perpetuar certos estereótipos sem pensar no que isso significa. Não avaliamos o conteúdo implícito e até explicito dessa pratica ‘engraçadinha’. 

A que ponto nos alienamos aos sentimentos dos outros?!

Pergunte a um negro se ele gosta de ser considerado marginal? Pergunte a um gaúcho se ele gosta de ser rotulado de gay? Pergunte a um gay se ele gosta de ser considerado uma ofensa? Pergunte a uma loira se ela gosta de ser qualificada como burra? Pergunte a você mesmo, se estivesse enquadrado em algum desses grupos, se gostaria de ser motivo de piada para os outros? Ninguém gosta nem merece ser o bobo da corte.

Não sou a palmatória do mundo. Não quero tolher a liberdade de expressão ou engessar o humor com temas proibidos. Mas eu quero respeito a todos. Eu quero humor não alienado ou preconceituoso. Eu quero que os formadores de opinião sejam dignos de tal responsabilidade, e eu quero responsabilidade.

Sei que muitos levam na esportiva e na brincadeira essas piadinhas, e acho que tem que ser mesmo assim, mas e os outros tantos que ainda não estão preparados ou evoluídos pra tanto?

Reconheço a intima e profunda relação entre o trágico e o cômico e acreditem, escrever isso tudo foi também para mim uma revisão dos meus conceitos, e uma proposta de PENSAR antes de reproduzir qualquer coisa para parecer espirituoso, engraçado ou divertido.

Eu quero o riso sim, MUITO, mas eu não quero mais o riso a qualquer preço.


 ELA SIM:

SIM, eu dô no meio. Quem mandou deixar na reta? (risos)

Muitas vezes as pessoas ‘deixam quicando’ e depois não querem ouvir aquela respostinha sacana? Mas que dá muita raiva, sem dúvida dá!!


Tolerância zero nada, tolerância menos um.

Como muitos dizem: “Perco o amigo, mas não perco a piada”!

Mas tem um humor que é sarcástico e muitas vezes maldoso.

Quando recebo e-mails tripudiando em cima de tragédias eu até acho graça na hora, mas logo enfatizo a maldade ali inserida.

Admito que a criatividade humana é bem ágil quando se quer maliciar (a minha é uma), mas devemos ter consciência sobre o que realmente é engraçado e o que não passa de um Humor Negro disfarçado a má fé, o preconceito e falta de bom senso.

Uma coisa é achar graça e debochar de coisas cotidianas, própria desgraça, do infortúnio dos amigos...Outra coisa, por exemplo,  é achar engraçado a exposição famélica do povo da Somália, fazendo um comparativo com as modelos anoréxicas.

Nem  sempre as pessoas estão dispostas para acharem graça!!

4 comentários:

Pequena disse...

Ela sim, até entendo a frase feita" perco o amigo mas não perco a piada", mas sabemos que quando uma piada fere um amigo, acaba nos ferindo indiretamente. Amigo que é amigo, não perde a piada nem o amigo!

"Carol docE" disse...

Por isso frisei que algumas piadas, se forem de mau gosto, podem tornar-se um Humor Negro.
Devemos classificar o que pode ou não ser engraçado, pois as pessoas nem sempre estarão dispostas para acharem graça.
Quando, sobre o que e com quem brincar deve ser priorizado, pois assim como existem piadas bobas existem as preconceituosas e essas ferem.
"Perco o amigo, mas não perco a piada" refere-se aquelas piadas com respostinhas óbivas (ex.: tu vai a um posto de gasolina abastecer e o frentista pergunta: "Vai abastecer?" Não, vim fazer umas rosquinhas e decidi parar aqui pra bater a massa)
Essas são piadinhas saudáveis das quais as pessoas acham graça.

:)

Lívia disse...

Reli o post desta semana mais de uma vez para chegar à conlusão de que Ele & Ela partilham da mesma opinião, entretanto colocaram-na de maneiras e perspectivas diferentes. Sendo assim, me vi concordando com os dois!
Concordo que o humor vinculado a uma deficiência, esteriótipo, passado histórico ou ainda, calcado em deficiências sociais é ofensivo, como também concordo que é digna de uma resposta tola a pergunta tola.
Não estou também me tornando partidária das respostas irônicas a qualquer custo.
Já diziam os provérbios, e de maneira bem colocada, sem se contradizerem:
"Não respondas ao insensato segundo a sua estultícia, para que não te faças semelhante a ele.
Ao insensato responde segundo a sua estultícia, para que não seja ele sábio aos seus próprios olhos."
Pv. 26:4 e 5.
Por analogia, e com muita dose de bom senso cabe sempre analisar a situação na elaboração de uma boa resposta, quando ela deve ser tola ou não, bem como na hora de cada brincadeira, para cuidar se com ela não vem vindo a dose de preconceito de cada dia, pois esta, infelizmente, até parece algo que se tornou elemento necessário entre nós!

Dani Brito disse...

Gente, adorei o assunto!
Sabe eu tenho muita mania de ficar fazendo piadinhas (que não sejam de mal gosto porque não sou muito sarcástica) e confesso, já escaparam algumas que magoaram amigos(não tem como, a gente acaba cometendo esse erro). Mas como eu também odeio piadinha com aquele tom de ofensa sabe? Procuro me policiar porque tudo que é demais irrita. Gente muito engraçadinha irrita, gente séria me irrita! Adoro gente bem humorada, mas se colocando na pele daqueles que são alvos de piadinha, não deve ser muito legal e puts, pode até gerar um problema psicológico na pessoa né? Pra que fazer isso, ir na "onda" da galera...Chega, ja falei demais..rsrs...beijos!

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