ELE NÃO:
NÃO sou um puritano ou moralista; pra começar.
Continuo tentando achar a minha identidade dentro do 'politicamente correto' sem me tornar um bitolado, um chato ou um cara entediado. Ainda me pego descobrindo minhas próprias opiniões.
Seguidamente, como deve acontecer com a grande maioria, recebo por e-mail um sem-número de piadas e afins, algumas do tipo “perco o amigo, mas não perco a piada”.
Como a Carol e eu já havíamos decidido levantar o tema 'preconceito', e como ele é infinitamente amplo, resolvemos dar o START por aqui, pelo humor.
Em ultima analise, o chamado ‘humor negro’ se mascara na face feliz do CÔMICO, mas de forma subliminar dissemina e propaga ideias de mau gosto, mórbidas ou preconceituosas. Geralmente são as minorias os alvos mais comuns desse tipo de pratica (negro, gordo, gay, português, argentino, loira, etc..). E quem nunca repassou inocentemente uma piadinha desse gênero?
O problema é que estamos acostumados a rir e perpetuar certos estereótipos sem pensar no que isso significa. Não avaliamos o conteúdo implícito e até explicito dessa pratica ‘engraçadinha’.
A que ponto nos alienamos aos sentimentos dos outros?!
Pergunte a um negro se ele gosta de ser considerado marginal? Pergunte a um gaúcho se ele gosta de ser rotulado de gay? Pergunte a um gay se ele gosta de ser considerado uma ofensa? Pergunte a uma loira se ela gosta de ser qualificada como burra? Pergunte a você mesmo, se estivesse enquadrado em algum desses grupos, se gostaria de ser motivo de piada para os outros? Ninguém gosta nem merece ser o bobo da corte.
Não sou a palmatória do mundo. Não quero tolher a liberdade de expressão ou engessar o humor com temas proibidos. Mas eu quero respeito a todos. Eu quero humor não alienado ou preconceituoso. Eu quero que os formadores de opinião sejam dignos de tal responsabilidade, e eu quero responsabilidade.
Sei que muitos levam na esportiva e na brincadeira essas piadinhas, e acho que tem que ser mesmo assim, mas e os outros tantos que ainda não estão preparados ou evoluídos pra tanto?
Reconheço a intima e profunda relação entre o trágico e o cômico e acreditem, escrever isso tudo foi também para mim uma revisão dos meus conceitos, e uma proposta de PENSAR antes de reproduzir qualquer coisa para parecer espirituoso, engraçado ou divertido.
Eu quero o riso sim, MUITO, mas eu não quero mais o riso a qualquer preço.
ELA SIM:
SIM, eu dô no meio. Quem mandou deixar na reta? (risos)
Muitas vezes as pessoas ‘deixam quicando’ e depois não querem ouvir aquela respostinha sacana? Mas que dá muita raiva, sem dúvida dá!!
Como muitos dizem: “Perco o amigo, mas não perco a piada”!
Mas tem um humor que é sarcástico e muitas vezes maldoso.
Quando recebo e-mails tripudiando em cima de tragédias eu até acho graça na hora, mas logo enfatizo a maldade ali inserida.
Admito que a criatividade humana é bem ágil quando se quer maliciar (a minha é uma), mas devemos ter consciência sobre o que realmente é engraçado e o que não passa de um Humor Negro disfarçado a má fé, o preconceito e falta de bom senso.
Uma coisa é achar graça e debochar de coisas cotidianas, própria desgraça, do infortúnio dos amigos...Outra coisa, por exemplo, é achar engraçado a exposição famélica do povo da Somália, fazendo um comparativo com as modelos anoréxicas.
Nem sempre as pessoas estão dispostas para acharem graça!!
Nem sempre as pessoas estão dispostas para acharem graça!!
4 comentários:
Ela sim, até entendo a frase feita" perco o amigo mas não perco a piada", mas sabemos que quando uma piada fere um amigo, acaba nos ferindo indiretamente. Amigo que é amigo, não perde a piada nem o amigo!
Por isso frisei que algumas piadas, se forem de mau gosto, podem tornar-se um Humor Negro.
Devemos classificar o que pode ou não ser engraçado, pois as pessoas nem sempre estarão dispostas para acharem graça.
Quando, sobre o que e com quem brincar deve ser priorizado, pois assim como existem piadas bobas existem as preconceituosas e essas ferem.
"Perco o amigo, mas não perco a piada" refere-se aquelas piadas com respostinhas óbivas (ex.: tu vai a um posto de gasolina abastecer e o frentista pergunta: "Vai abastecer?" Não, vim fazer umas rosquinhas e decidi parar aqui pra bater a massa)
Essas são piadinhas saudáveis das quais as pessoas acham graça.
:)
Reli o post desta semana mais de uma vez para chegar à conlusão de que Ele & Ela partilham da mesma opinião, entretanto colocaram-na de maneiras e perspectivas diferentes. Sendo assim, me vi concordando com os dois!
Concordo que o humor vinculado a uma deficiência, esteriótipo, passado histórico ou ainda, calcado em deficiências sociais é ofensivo, como também concordo que é digna de uma resposta tola a pergunta tola.
Não estou também me tornando partidária das respostas irônicas a qualquer custo.
Já diziam os provérbios, e de maneira bem colocada, sem se contradizerem:
"Não respondas ao insensato segundo a sua estultícia, para que não te faças semelhante a ele.
Ao insensato responde segundo a sua estultícia, para que não seja ele sábio aos seus próprios olhos."
Pv. 26:4 e 5.
Por analogia, e com muita dose de bom senso cabe sempre analisar a situação na elaboração de uma boa resposta, quando ela deve ser tola ou não, bem como na hora de cada brincadeira, para cuidar se com ela não vem vindo a dose de preconceito de cada dia, pois esta, infelizmente, até parece algo que se tornou elemento necessário entre nós!
Gente, adorei o assunto!
Sabe eu tenho muita mania de ficar fazendo piadinhas (que não sejam de mal gosto porque não sou muito sarcástica) e confesso, já escaparam algumas que magoaram amigos(não tem como, a gente acaba cometendo esse erro). Mas como eu também odeio piadinha com aquele tom de ofensa sabe? Procuro me policiar porque tudo que é demais irrita. Gente muito engraçadinha irrita, gente séria me irrita! Adoro gente bem humorada, mas se colocando na pele daqueles que são alvos de piadinha, não deve ser muito legal e puts, pode até gerar um problema psicológico na pessoa né? Pra que fazer isso, ir na "onda" da galera...Chega, ja falei demais..rsrs...beijos!
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